SISTEMA TEGUMENTAR
O tegumento é o maior órgão do corpo, sendo constituído pela pele e pelos derivados epidérmicos, tais como as unhas, os pelos e as glândulas (sudorípara, sebáceas e mamárias).
A pele é facilmente acessível e é um dos melhores indicadores de saúde geral; por isso é importante observá-la durante o exame físico, É incluída no diagnóstico diferencial de quase todas as doenças. Ex: uma coloração amarela indica icterícia; uma coloração cinza-azulada pode indicar cianose, refletindo uma condição patológica da função cardiovascular e respiratória; uma coloração pálida é um indicativo de anemia; a falta de pigmentação na pele sugere albinismo, um traço genético caracterizado pela ausência da enzima tirosinase, envolvida na conversão do aminoácido tirosina em melanina. Algumas doenças infecciosas e imunológicas produzem mudanças características da pele, levando a um correto diagnóstico. Além disso, a pele apresenta algumas doenças que lhe são peculiares.
A pele propicia:
* Proteção do corpo contra os efeitos ambientais, como escoriações, perda de líquido, substâncias prejudiciais, radiação ultravioleta e microrganismos invasores.
* Contenção das estruturas do corpo e de substâncias vitais, evitando a desidratação, que pode ser grave em caso de lesões cutâneas extensas.
* Regulação de calor através da evaporação do suor e/ou da dilatação ou constrição dos vasos sanguíneos superficiais.
* Sensibilidade através de nervos superficiais e sua terminações sensitivas.
* Síntese e armazenamento de vitamina D.
A pele apresenta três camadas firmemente aderidas umas às outras: a epiderme, mais superficial - derivada do ectoderma, constituída por um epitélio pavimentoso estratificado queratinizado superficial; a derme, mais profunda - derivada do mesoderma; e a hipoderme ou camada subcutânea - correspondente a fáscia superficial da anatomia macroscópica. A epiderme e a derme se interdigitam, graças à formação de cristas epidérmicas e dérmicas (papilas dérmicas), em cujo nível as duas estão limitadas por uma membrana basal. Entre a pele e as estruturas mais profundas, existe uma camada tecidual denominada hipoderme.
A epiderme é um epitélio queratinizado - isto é, tem uma camada superficial córnea e resistente, que forma uma superfície externa protetora sobre a camada basal ou profunda, regenerativa e pigmentada. Dependendo da espessura da camada de queratina, a pele é classificada como espessa e delgada. A epiderme da pele espessa é constituída por todas as cinco camadas e não apenas por três ou quatro, como a pele delgada. A camada mais profunda, o estrato germinativo, é uma camada única de células cúbicas ou cilíndricas. Estas células sofrem mitose (em geral à noite) e são empurradas em direção a superfície, dando origem à camada mais espessa, o estrato espinhoso. Esta camada é constituída por células poliédricas, caracterizadas por numerosos prolongamentos (pontes intercelulares) que formam desmossomos com os prolongamentos das células espinhosas circundantes. Além disso, as células do estrato granuloso acumulam grânulos queratoialinos, que preenchem as células e destroem os seus núcleos e organelas. A quarta camada, o estrato lúcido, é relativamente fina e nem sempre evidenciada. É visualizada como uma região translúcida e fia, cujas células contêm eleidina. A camada mais superficial é o estrato córneo, que é constituído por células mortas conhecidas como escamas. As camadas superficiais do estrato córneo são descamadas à mesma velocidade com que estão sendo substituídas pela atividade mitótica dos estratos germinativo e espinhoso. A epiderme não tem vasos sanguíneos nem linfáticos. A epiderme avascular é nutrida pela derme vascularizada subjacente. A derme é irrigada por artérias que se anastomosam. A pele tem terminações nervosas aferentes sensíveis ao tato, irritação (dor) e temperatura. A maioria das terminações nervosas está situada a derme, mas algumas penetram a epiderme.
A epiderme é composta por quatro tipos celulares: queratinócitos, melanócitos, célula de Langerhans e células de Merkel. Os queratinócitos, responsáveis pela produção de queratina, são as células epidérmicas mais numerosas e derivam do ectoderma. Os melanócitos, derivados das células da crista neural, são responsáveis pela produção de melanina, que é sintetizada por organelas especializadas denominadas melanossomas. Estes melanócitos estão interpostos entre os queratinócitos do estrato germinativo e são encontrados nos folículos pilosos e na derme. Os melanócitos possuem longos e delgados prolongamentos citoplasmáticos, que se estendem para os espaços intercelulares existentes entre as células do estrato espinhoso. As células de Merkel estão interpostas entre as células do estrato germinativo. As células de Merkel recebem terminações nervosas aferentes e são considerados mecanorreceptores.
A pele delgada difere da pele espessa porque tem apenas três ou quatro camadas. O estrato lúcido nunca é encontrado na pele delgada, enquanto o tamanho do estratos córneo, granuloso e espinhoso está bastante diminuído. Muitas vezes há apenas uma camada incompleta de estrato granuloso.
A derme é uma camada densa de fibras colágenas e elásticas entrelaçadas. A derme é constituída por tecido conjuntivo colágeno deso e não-modelado, no interior do qual numerosas fibras elásticas se ramificam. A derme é subdividida em uma camada papilar, uma região superficial que se interdigita com as cristas epidérmicas e uma camada reticular mais profunda e grosseira. As papilas dérmicas levam alças capilares junto à epiderme avascular e algumas terminações nervosas encapsuladas, como os corpúsculos de Meissner. Essas fibras proporcionam o tônus cutâneo e são responsáveis pela resistência e firmeza da pele. A derme dos animais é retirada e curtida para produzir o couro, Embora os feixes de fibras colágenas na derme sigam em todas as direções para produzir um tecido firme, semelhante ao feltro, um local específico a maioria das fibras segue a mesma direção. O padrão predominantemente de fibras colágenas determina a tensão característica e as rugas na pele.
As linhas de clivagem tendem a ser longitudinalmente espirais nos membros e transversais no pescoço e no tronco, As linhas de clivagem nos cotovelos, joelhos, tornozelos e punhos são paralelos às pregas transversais que surgem quando os membros são fletidos. As fibras elásticas da derme sofrem deterioração com a idade e não são substituídas, a pele das pessoas idosas apresenta rugas e flacidez à medida que perde elasticidade.
A pele contém muitas estruturas especializadas. A camada profunda da derme contém folículos pilosos, associados a músculos lisos eretores e glândulas sebáceas. A contração dos músculos eretores dos pelos causa a ereção dos pelos, deixando a pele arrepiada. Os folículos pilosos são inclinados para um lado, e há várias glândulas sebáceas no lado para o qual o pelo ''aponta'' ao emergir da pele. A contração dos músculos eretores deixa os pelos mais retos, comprimindo as glândulas sebáceas e facilitando a liberação de sua secreção oleosa na superfície cutânea. A evaporação da secreção aquosa das glândulas sudoríparas da pele é um mecanismo termorregulador para perda de calor. As pequenas artérias da derme participam da perda ou retenção do calor corporal. Elas dilatam-se para encher os leitos capilares superficiais e irradiar o calor ou contraem-se para minimizar a perda de calor na superfície. Outras estruturas ou derivados da pele incluem os pelos, as unhas, as glândulas mamárias e o esmalte dos dentes.
Situado entre a pele sobrejacente e a fáscia muscular subjacente o tecido subcutâneo é formado por tecido conjuntivo frouxo e depósito de gordura, contém glândulas sudoríparas, vasos sanguíneos superficiais, vasos linfáticos e nervos cutâneos. As estruturas neurovasculares seguem no tecido subcutâneo, distribuindo apenas seus ramos terminais para a pele.
A tela subcutânea é responsável pela maior parte do reservatório de gordura do corpo, assim sua espessura varia muito, dependendo do estado nutricional da pessoa. A distribuição da tela subcutânea é muito variável em diferentes locais no mesmo indivíduo. Ex: a relativa abundância da tela subcutânea evidente pela espessura da prega cutânea que pode ser pinçada na cintura ou nas coxas com a parte anteromedial da perna ou dorso da mão; essas duas regiões quase não tem tela subcutânea. Em mulheres maduras, o acúmulo de gordura tende a ocorrer nas mamas e nas coxas, ao passo que nos homens, a gordura subcutânea acumula-se na parede abdominal inferior.
A tela subcutânea participa da termorregulação, funcionando como isolamento e retendo calor no centro do corpo. Oferece acolchoamento que protege a pele da compressão pelas proeminências ósseas, como nas nádegas.
Os ligamentos cutâneos, faixas fibrosas numerosas e pequenas, estendem-se através da tela subcutânea e fixam a superfície profunda da derme à fáscia muscular subjacente. O comprimento e a densidade desses ligamentos determinam a mobilidade da pele sobre estruturas profundas. A pele é mais móvel nas áreas onde os ligamentos são mais longos e esparsos, como o dorso da mão. Nos locais onde os ligamentos são curtos e abundantes, a pele está fixada à fáscia muscular subjacente, como nas palmas da mão e plantas dos pés. Na dissecção, a retirada da pele nas áreas em que os ligamentos cutâneos são curtos e abundantes requer o uso de um bisturi afiado. Os ligamentos cutâneos são longos mas particularmente bem desenvolvidos nas mamas, onde formam ligamentos suspensores para a sustentação de peso.
GLÂNDULAS SEBÁCEAS
As glândulas sebáceas situam-se na derme e seus ductos
geralmente desembocam no folículo piloso. As mesmas são encontradas
por todo o corpo, com exceção das palmas das mãos, solas dos pés. Essas glândulas são acinosas e, geralmente, vários ácinos desembocam em um ducto curto. Os ácinos apresentam-se formados
por uma camada externa de células epiteliais achatadas que repousa sobre uma
membrana basal. O produto de secreção das glândulas sebáceas, o sebo, é uma
mistura oleosa semelhante à cera, constituída por colesterol, triglicerídeos e
restos de células secretoras. As glândulas sebáceas são um exemplo de glândula holócrina,
pois a formação da secreção resulta na morte das células.
GLÂNDULAS SUDORÍPARAS
As glândulas sudoríparas podem ser écrinas e apócrinas. As glândulas sudoríparas
écrinas têm cerca de 0,4 mm de diâmetro e estão situada na pele da maior parte
do corpo. Seu número pode chegar de 3 a 4 milhões e elas constituem órgão importante
da termorregulação. A parte secretora destas glândulas é descrita como um
epitélio cubóide simples a colunar baixo composto por células escuras e células
claras; entretanto, alguns pesquisadores consideram a porção secretora como
tendo um epitélio pseudo-estratificado. As glândulas sudoríparas apócrinas
somente são encontradas em alguns locais: axila, aréola do mamilo e região
anal. As glândulas sudoríparas apócrinas são muito maiores que as glândulas
sudoríparas écrinas, chegando a ter 3 mm de diâmetro. Estas glândulas estão contidas
na parte mais profunda da derme e na hipoderme. Ao contrário dos dutos das
glândulas sudoríparas écrinas que se abrem na superfície da pele, os dutos das
glândulas sudoríparas apócrinas abrem-se nos canais dos folículos pilosos acima
da entrada dos dutos das glândulas sebáceas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CUI, D. Histología con correlaciones clínicas y funcionales. Ed. Lippincott Williams & Wilkins, 2011.
GARTNER, L. P. & HYATT. Tratado de Histologia em Cores. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
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KIERSZENBAUM, B. L. Histologia e Biologia Celular: Uma Introdução à Patologia. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 6ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
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